São estranhos os gatilhos que espoletam os nossos comportamentos, para melhor e para prior. No caso da minha relação com a AR, tenho tido vários episódios que me têm feito criar menos resistência a tudo, desde a aceitação até à perspectiva de melhoria (sou uma realista a atirar para o pessimista). Um dos tais gatilhos de mudança foi um comentário de uns três segundos que o chef Michel fez (acho que não alucinei e era mesmo ele) que me ajudou a diminuir o papão da doença. Muito "en passant", numa reportagem de telejornal por alturas do assinalar do dia do doente de AR, quando lhe perguntaram como é que ele vivia com a doença, ele disse qualquer coisa do género: “Nem me lembro que a tenho! Basta tomar os medicamentos direitinho e esqueço-me dela”. Quando ouvi isto estava numa fase de luta contra a medicação. Não queria tomar os comprimidos por causa dos efeitos secundários. Confesso que continuo a não achar piada ao que os medicamentos podem fazer mas, o que se ganha quando os tomamos, vale o frete! A aceitação do tratamento não veio toda de uma vez (e ainda não está tudo resolvido)! Ainda há coisas que têm que ir com jeitinho. Aqui há uns meses valentes a reumatologista falou-me da necessidade de fazer uma infiltração, o que implica ficar uns dias sem fazer esforços com a articulação que for tratada. Ora, não fazer esforços quando se tem duas crianças é mais ou menos o mesmo que ganhar o Euromilhões sem jogar. Impossível. Há umas semanas voltou a insistir explicando que já não se tratava de uma questão de preferência, de estética (os meus pulsos parecem batatas) ou de gestão familiar. Teria de fazer o tratamento se quisesse, a médio/longo prazo continuar a usar as mãos (já vai havendo movimentos que não faço ou faço de maneira esquisita e pouco eficaz). Perante isto lá marquei a dita cuja infiltração (que é coisa chata de fazer). Para mim, a forma que tenho para gerir os tratamentos passa por ir deixando que a melhoria seja uma possibilidade (já disse que sou um bocado realista/pessimista? e nunca avanço para os melhores cenários?) e a ideia de acordar sem dores parece bem! Além do mais, o tratamento pode ser feito com ácido hialurônico**... vai na volta, aproveito que a médica está com a mão na massa e peço-lhe para me dar um jeitinho nas rugas!
*Artrite reumatóide
**não foi... foi com o bom e velho corticóide
Na vida de cada um manda cada qual e, portanto, o que se segue é apenas uma opinião do que eu creio que faria numa situação como a tua: tomar a medicação. Sim, é mau, faz mal a montes de outras coisas (nem quero imaginar), são drogas, enfim, tudo e tudo, mas o que é um facto é que precisamos de ter uma vida para além da doença. E sem medicação e tratamentos médicos isso não é possível. É uma fod@. Mas muito, muito, boa sorte!
ResponderEliminarNesta fase porto-me bem e tomo o que é suposto... mas verdade seja dita que os meus valores me permite manter a medicação no básico. Ainda não faço nada muito hardcore. Agora é perceber se consigo manter-me assim ou até melhorar! A vida faz-se bem! Às vezes com mais dores, às vezes mais cansada mas como sei de onde vem tudo é mais fácil gerir.
EliminarObrigada pela força!!
(Assinado: a dona deste blog que o blogger não quer reconhecer... juro que não sei como resolver isto)