Batas brancas de negro


A luta dos enfermeiros está na ordem do dia e parece-me fazer todo o sentido.
Da mesma forma que não compreendo o que faz alguém querer ser bombeiro voluntário, não compreendo o que faz alguém querer ser enfermeiro. É preciso, de facto, haver algum tipo de chamamento, vocação, amor, paixão... algo que extravasa a lógica porque ninguém consegue vender de outra forma a ideia de que alguém irá trabalhar noites, tardes e dias, de forma aleatória, a tratar de gente mais ou menos perto da morte e do desespero sem ter direito a (um grande) reconhecimento social, profissional ou remuneratório.
No que me toca, faço por não chatear muito os enfermeiros com que me cruzo porque sei que, mais do que os médicos, é deles que o meu bem-estar depende! A minha experiência mais recente, com a enfermeira Rute que fez o meu parto (sozinha) dois dias antes da greve dos especialistas começar, veio reforçar ainda mais esta ideia! Nem nos meus sonhos eu teria sido tão bem acompanhada!
Depois disso, a garota pequenina tem avaliado o peso no Centro de Saúde também pelas enfermeiras. Tenho um mundo de defeitos a apontar ao centro de saúde e nem um às enfermeiras com quem nos temos cruzado (bem... talvez uma, aquela duvida que eu consiga amamentar, no ritmo que a miúda exige, por muito mais tempo... mas como é uma conversa que temos desde o início, pode ser que ela com o tempo vá mudando de ideias). Por isto tudo, resolvi mudar de Pediatra! O que é que o cú tem a ver com as calças? Passo a explicar. Já estava habituada ao jeito algo brusco que a senhora doutora tinha comigo, mas como com as miúdas estava tudo a correr bem deixei-me ficar. A gota de água aconteceu quando resolveu dizer que as enfermeiras eram burras e não sabiam o que andavam a fazer e isto porque, estavam a registar todos os pesos da miúda (de quinze em quinze dias no início e de mês a mês agora) no espaço existente para o efeito no boletim de saúde!?! Nesse instante, e somando a outras coisas, resolvi que alguém trata dessa forma um colega de área profissional, não terá grande capacidade para lidar com gente: miúda ou graúda. Bem sei que, no tempo da outra senhora, os médicos olhavam os enfermeiros de lado porque o percurso académico era bem mais curtinho, mas p'lo amor da santa, isso já coisa que ficou na pré-história dos cuidados médicos... e sinceramente, não sei se são mais anos de escola que fazem melhores enfermeiros, isto é, melhores pessoas para estar na frente de combate e gerir as emoções de quem está, em maior ou menor grau, frágil e sem saber o que lhe espera.
Enfermeiros desta vida: deste lado estamos convosco!

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