Em apneia







Num destes dias, já com nove meses de garota no bucho, fui levar a Sardanisca à natação. Não sei se sou só eu, mas estas aulas são para mim um misto de orgulho e de bungee jumping, tal é a emoção. A instrutora é uma querida e super-competente, as piscinas (do Jamor) não podiam ser melhores e ela diverte-se à brava porque, basicamente, o que fazem é brincar na água durante 50 minutos. Ainda assim, esta brincadeira implica algumas aventuras: mergulhos, "nadar" debaixo de água... e acho que é isto.

Num dos últimos treinos, os garotos tinham de descer por um escorrega para dentro de água e a miúda ficou histérica porque estava a juntar as duas coisas que mais gostava. A descida fazia-se de mão dada com a instrutora e depois, como já sabem desde a primeira aula, ficam agarrados à berma da piscina à espera de novas instruções. Depois da terceira volta, a minha cachopa, soube depois, disse à instrutora que queria descer mais uma vez. A resposta foi "sim, vais descer mais uma vez". Não sei o que se passou na cabeça da minha filha que, sem saber nadar ainda, se pôs a caminho! Largou a berma da piscina e pôs-se a "andar" a caminho do escorrega. Sem qualquer tipo de ajuda que ainda usam (esponjas, alteres e peixinhos). É claro que dois metros depois estava aflita e a instrutora, que estava a fazer descer outros meninos pelo escorrega, não se apercebeu logo. Eu estava nas bancadas. A muitos metros de distância em linha recta e em altura. Quando percebi que a miúda estava atrapalhada fiquei sem pio! Só conseguia bater no gradeamento das bancadas com o caderno que tinha levado para trabalhar. Finalmente a instrutora apercebeu-se e foi buscá-la. Contra todas as previsões, a Sardanisca não chorou, não panicou, não nada! Só quis voltar a descer do escorrega. Em compensação, eu fiquei a achar que ia parir a criança ali mesmo. Entre tremer por todos os lados, suar em bica, contrações e hiperventilação, deu para tudo (mas em discreto que não sou menina para querer o povo todo à minha volta)! Lá me consegui acalmar, com um dos pais dos miúdos do grupo a dizer, "fique calma porque a acontecer a algum dos pequenos que fosse à sua menina que é a mais desenrascada!" Levei a coisa como um elogio até porque o senhor estava mais aflito que eu com a possibilidade de ter de fazer o parto!

Quando a fui buscar falei do assunto com a instrutora, que estava ainda abananada com o que tinha acontecido, mas as duas sem darmos parte de fraca para a Sardanolas não perceber. À noite, feita parva, ainda pensava no assunto... e como vi aquela série "The affair" fui três ou quarto vezes confirmar que a garota estava de facto a dormir.

Estas coisas fazem parte e ainda bem que acontecem sem mais consequências para além do susto que deixam nos adultos e eventualmente nas crianças, mas que não havia necessidade, não havia!

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