Marmitemos!


Optámos pela exploração do trabalho infantil... é a única forma de termos alimento... entretanto vou-me arrepender da fotografia e de não saber usar o photoshop para esconder os refegos da cintura... É a vidinha! Porque é que a miúda está de pijama, de vestido e de mochila?... Não sei! Chega a uma hora que é o que ela quiser!

Em resposta ao meu apelo desesperado por ideias para posts foi proposto o tema “marmitas de inverno”. Sendo que já preparei marmitas durante o inverno creio reunir as condições necessárias para falar sobre o assunto, mas antes, há um conjunto de notas prévias que se poderiam resumir naquele dizer popular “cada um sabe de si e o Criador sabe de todos”. Vamos então a isto:

1. Isto é o que resulta cá em casa;
2. Não dá para ter marmitas feitas em casa sem passar um bocado de tempo na cozinha;
3. Para mim, fazer marmitas é preparar uma refeição simples – e não uma versão miniatura de um prato complicado – que sobreviva com alguma piada a meio dia de permanência em tupperware;
4. Comigo a lógica da marmita, ao fim de algum tempo, é baralhar e voltar a dar;
5. É preciso rotina, organização e planificação para a coisa resultar;

Isto também podia ser um ponto prévio mas como vai ajudar à arte da marmitagem aqui fica como início de conversa. O que nunca falta e, parecendo que não, facilita:
- Sopa: faço em doses grandes, aguenta no frigorífico alguns dias e é garantia que enfiamos nutrientes dos bons no bucho e que atacamos menos alarvemente o conduto;

- Acompanhamentos: arroz simples, couscous e quinoa que dê para duas ou mais refeições e que também aguentam algum tempo no frigorífico. Batatas e massa “de ontem” não gosto, mas o arroz, a quinoa e o couscous preparam-se num instante e depois é ir alternando consoante a proteína que se escolha;

- Verdes: seja tomatinho cereja (o meu é da Quinta do Arneiro e por isso nem de tempero precisa), macedónia da congelada ou rúcula, ajuda logo a alegrar um prato;

- Sementes: papoila, chia, sésamo, girassol... ajudam a dar um crocante aos pratos mais pastosos e, convenhamos, confere sempre uma certa pinta hipster que até tem piada.

Ora então, as minhas marmitas normalmente são restos deliberadamente deixados de refeições anteriores a que depois dou a volta. Isto quer dizer que preparo as refeições, normalmente o jantar, de modo a que sobre. Se somos 3 faço para cinco e aproveito os restos. Vou dar alguns exemplos de jantares que faço e que depois servem para o almoço do dia seguinte e que preparo quando arrumo a cozinha no final do dia e o homem deita a garota. Não gosto da ideia de cozinhar de madrugada até porque, entre as 06h00 e as 07h00 costumo ir correr (há provas no instagram que atestam o meu grau de insanidade).

Carne de porco
Normalmente o fim-de-semana é de arrumações e limpezas por isso deixo um lombo temperado de véspera e ponho-o no forno uns 45 minutos antes do almoço e não me chateio com mais nada. Os restos deste almoço vão servir para uma ou duas marmitas:

- Empadas: basta desfiar a carne e, dependendo do que sobra, juntar num refugado um bocadinho de chouriço ou bacon e/ou macedónia e/ou cogumelos, ligar tudo com ovo batido e acompanhar, se acharem necessário com salada (preferencialmente) ou arroz/quinoa/couscous.

- Sandes: não é preciso fazer magia em todas as marmitas! A bela da sande de lombo, com uma fatia de queijo (completamente decadente e completamente a minha cara) com umas folhinhas de rúcula e está feito!;


Peixe branco
Vamos supor que é segunda-feira... É um dia deprimente... não há volta a dar e é preciso fazer uma pausa nos estragos de fim-de-semana... isto tudo para justificar o peixe cozido (ou no forno)... mas há que ter fé que isto pode vir a ter piada!

- Salada russa: a solução óbvia... desfiar o peixe, juntar uma macedónia, quinoa, abusar nos brócolos e depois é temperar com alma... comigo o que resulta é um “azeite temperado”: azeite, óregãos, sal, pimenta, alho (pouco e sem aquele veio do meio)... pozinhos de perlimpimpim e siga... para a sobremesa que pode ser pecaminosa!;

- Empadão* de peixe: já falei aqui mil vezes. Junta-se uns tomatinhos e umas sementinhas para ser um bocadinho mais crocante e está feito;

- Omelete* de peixe: pode parecer estranho mas era o prato preferido da minha avó e por isso parece-me normal. Se houver por casa aqueles camarõezinhos congelados, salteio-os com azeite, alho e salsa e junto à omelete. Com arroz e fica o almoço preparado.
(*estes exemplos também servem com carne)

Carnes de aves
Não consigo enganar ninguém... cá em casa os jantares durante a semana são um aborrecimento e parecem dieta de hospital... Peito de frango grelhado. Vamos lá ver se isto tem salvação:

- Caril de frango aldrabado: saltear as especiarias (caril, curcuma, nós moscada...), a malagueta (para mim sem sementes caso contrário grito) juntar leite de cocô (ou outra alternativa que dê para fazer molhanga) e juntar por um bocadinho o peito de frango aos pedaços (já cozinhado). Acrescenta-se o arroz branco e uma pastilha renie e está safo;

- “Wrap” de frango (na verdade é crepe de frango mas wrap soa a fino): desfiar ou picar grosseiramente o frango grelhado, juntar uns verdes crus (palitos ou cenoura ralada, rúcula, tiras de courgete (daquelas que se fazem com o descascador) e o mais que gostarem e tiverem no frigorífico. Temperar levemente os legumes. Fazer os crepes. Pôr tudo em cima do crepe, embrulhar e seguir viagem!;

Carne de vaca
Vamos lá animar a coisa. O jantar é uma bolonhesa e a vontade é perpetuar a indulgência da carne picada e da massa...

- Lasanha: no brainer!! É aproveitar o preparado da carne picada com tomate (e o mais que lhe queiram pôr), molho bechamel, queijo ralado, massa de lasanha e está feito. Eu cá gosto da lasanha de um dia para o outro por isso é a solução ideal para mim;

- Hamburgers: não cozinharam a carne picada toda?! Óptimo! Agora é fazer um discos com a carne, juntar tempero se gostarem, fazer bolinhas, dar-lhes um chapo e o disco está feito... neste caso, prefiro fazer os hamburgers de manhã, mas lá está, cada um é como cada qual, juntar couscous e uma saladinha de tomate e está pronto!

Aqui está! 9 propostas de marmitas... o que quer dizer que dá para quase duas semanas 5 dias de trabalho! No décimo dia vão ao restaurante porque temos de alimentar a economia!

Comentários

  1. ps - escrevi agora um testamento mas não tenho a certeza se seguiu pois o google embirrou com o meu perfil ble ble. Anyway, só para dizer que vou fazer uma omelete :)

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    1. Pois... não sei se o testamento não terá ficado pelo caminho... o que é uma pena!! (Nova tentativa?...) Seja como fôr, uma omelete é sempre uma óptima opção!

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    2. Tinha eu dito qualquer coisa do estilo: agora é que me fiquei a sentir um zero à esquerda cheio de fome, e que o segredo está precisamente na organização e planificação - e que isso me fez pensar muito, que não é só na marmita que isso se aplica...mas em td na vida, especialmente investigação, e às vezes a minha falta de organização (apesar de muito organizadinha) desregula a minha marmita cerebral quando que se planificasse melhor, depois não stressava tanto. E outras coisas assim filosóficas que entretanto me passaram :) Devo dizer que já experimentei o bolo de chocolate de caneca e ficou uma bela...porcaria.

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    3. Ora... as regras da investigação devem ser de um calibre à parte... porque de outra forma não se explica que não tenha publicado pelo menos meia dúzia de artigos nos últimos tempos... Mas também acho que a organização e planificação devem ser encontradas por cada um, tendo em conta os objectivos que se têm e o estilo de vida! As marmitas são fáceis... difícil é o resto!

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  2. Olha e agora que faço com a fome com que fiquei?
    Fome e preguiça em luta neste momento!!!
    Um dia destes pensa em receitas de microondas ou que não envolvam forno para eu vir aqui roubar ideias. Sim, porque vivo numa casa onde não tenho forno e sou rapariga para saber fazer massa de 1000 maneiras que, no fim de contas, é sempre cozida. ;)

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    1. Manuela... eu e o microondas não nos conhecemos muito bem... uso só para aquecer e a única vez que tentei fazer algo mais (cozer um ovo) o desgraçado rebentou e queimo-me a cara... Mas já há algum tempo que tenho andado com vontade de experimentar aqueles bolos de caneca... se me aventurar, aviso!

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  3. Lasanha de peixe: um must que fica sempre bem. Ao invés de se usar queijo para polvilhar o molho bechamel, uso pão ralado com sabores (alho, oregãos) e pois que minha gente come e cala.
    Canelones de peixe: outro must.
    M. Lopes

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    1. Ora aí estão duas coisas que nunca tentei... Ficou a dica!

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  4. E prontinho, agora siga para a cozinha e toca a marmitar!
    Obrigadinha pelas boas ideias! Amanha saem as minhas no Meu Planeta.
    Beijinhos desta costa ensolarada!

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  5. Adorei... E eu que sou amiga da marmita tenho a dizer...grande post e muito útil :)
    Bom fim‑de‑semana
    Bjs

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