Fez há poucos dias 6 anos que recebi o telefonema mais estranho da minha vida. Uma das minhas melhores amigas (daquelas que nem a distância afasta) ligou-me a dizer "olha, a minha filha nasceu!". Tinha estado com ela há poucos dias na maternidade e sabia que estavam a fazer tudo para segurar a pequenita lá dentro. Tinha vinte e poucas semanas e eu sabia que não era suposto ter nascido tão cedo. Fiquei sentada na cama sem saber o que dizer... "Estás bem? Precisas que ligue a alguém? Já disseste ao teu marido?" Ela ainda estava grogue da anestesia e talvez por isso me tenha ligado para mim. Nos meses seguintes aprendi várias lições de vida. Aquela miúda, tão miúda quanto eu, fazia por dia 200km só para estar a ver a pequenita numa caixa de acrilico e fazer canguru (coisa que eu não sabia o que era) das oito da manhã até à hora que a deixassem sair. Nunca a senti quebrar (isso só aconteceu no dia que deixou a pequena na creche... vá-se lá saber). Lembro-me de desejar que ela tivesse de presente de Natal a filha em casa com ela e o menino Jesus foi simpático e lá atendeu aos nossos desejos. Para mim, a minha amiga virou uma mulher gigante mas o que verdadeiramente me impressionou foi ver a guerreira que, muito menos de meio quilo de gente, se revelou! Dia após dia a minha amiga ia-me dando conta das batalhas vencidas pela bebé. Lembro-me de ter pensado muitas vezes que, ao pé daquele projecto de uma grande mulher, eu era uma mariquinhas (e é verdade)! Hoje a minha primeira sobrinha emprestada está na segunda classe, monta a cavalo, é linda e continua a ser um pinguinho de gente com mais coragem e garra que muito homem barbudo. Há gente que não tem tempo a perder do tanto que tem para ensinar!
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