Tinha uns 6 anos quando quando a minha mãe me inscreveu no ballet (abençoada seja por acreditar que eu poderia ter um toque de feminilidade). Por lá andei por uns 12 anos. Como em quase tudo, quantidade não é qualidade e de facto tinha a elegância de uma hipopótama e uns pés de tábua que não ajudavam ao conjunto. Ainda assim insisti até ter coragem para deixar a coisa. Ficou-me a frustração de não dar para aquela arte, uns chispezinhos completamente desgraçados e um certo à vontade para me mexer de forma agradável ao som da música (ainda que sem grande brilhantismo). Apesar de não sair à noite para abanar o capacete desde que era fixe dizer-se que se ia "abanar o capacete" (1765, portanto) estava convicta que tudo continuava como dantes... mas não! Alguma coisa aconteceu com o tempo e devo ter perdido os neurónios que faziam as sinapses que me ajudavam a mexer o corpo ao ritmo da música. E como é que percebi isto? Da melhor maneira possível, em público, num espaço público e em plena luz do dia. Há umas semanas, antes de mais uma corrida, o aquecimento foi feito com uma aula de Zumba. Daquilo que já li, qualquer paramécia faz uma aula da coisa. Peanurs (grande JJ)! Isto para quem andou a esfolar os dedos dos pés durante uma década não é nada! Pois sim! Primeiro a música. TTTTOOOOOODDDDDAAAAAA a gente conhecia a puta da música. Lá na caverna acordamos com os tambores da tribo vizinha e essa é a única música que conheço. Ok. Não há problema ouve e deixa o ritmo apoderar-se de ti! Depois de evocar a pomba-gira para e o meu animal xamânico estava crente que ia ser a Isadora Duncan do pedaço. Possuída pelo demónio, uma moça bem apessoada e cheia daqueles músculos fininhos que dão nervos, mexia os vários segmentos corporais de uma forma que me parecia anatomicamente impossível... mas não era! Só eu e três senhoras da excursão de idosas de Reguengos Monsaraz estávamos com dificuldades em acertar os movimentos pélvicos (daqueles que aludem para actividades que se têm no aconchego do lar) e no abanar de rabo, ao estilo da moça que põe a língua de fora, com o ritmo da música! Ainda tentei sacudir a falta de jeito para fora do meu corpo, ainda fechei os olhos para não ver a desgraça mas a verdade é que me tornei aquela pessoa que levanta o braço, faz uma pirueta, dá um passo em frente ou atrás, bate as palmas 0,5 segundos depois de toda a gente!
Eu sempre fui essa "pessoa que levanta o braço, faz uma pirueta, dá um passo em frente ou atrás, bate as palmas 0,5 segundos depois de toda a gente!" e não é assim tão mau como parece. No teu caso, aposto que não foi nada assim! Com 12 anos de ballet, só podes estar a ser muito sarcasticamente modesta. *
ResponderEliminarAntes fosse modéstia Raquel... antes fosse! Também estive em negação uns dias... agora estou em paz com o facto! Há algum clube para gente como nós? ;)
EliminarBeijinho
Alcoólicos Anónimos
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