Tenho uma batata no braço

Austin Hopkinson Factory Children's Party at Penygroes


Hoje houve consulta e teste de tolerância à glicose. Tinham pintado o diabo do desgraçado do teste. Quer dizer, não do teste mas do "xarope" que se tem de beber. Pois para mim, o xarope foi a parte boa da coisa e não estou a ser irónica. Cheguei às 7h00 à maternidade já esfalfada de fome crente que num instante estava de volta do meu leitinho com cereais. Pois sim... a porta só abre às 7h30. Espera-se e mal dá para passar a fresta da porta já estou com a mão na senha. "Primeiras! Isto está no papo! Ainda vou a tempo de dar uma vista de olhos às lojas antes do almoço." O atendimento na secretaria só começa às 8h00... ou começava, não fosse a grade que separa as senhoras das gestantes ter avariado. Às 8h30 já estou no corredor à caça de uma Senhora Enfermeira. Agarro-me à primeira que vejo e com olhinhos de bambi digo: "Tenho um teste de glicémia para fazer e estou em jejum...". Ela percebe a gravidade da situação: "Não se preocupe e dê-me 10 minutos que já tratamos disso!". Certinho como o destino. 10 minutos depois já me estão a medir a tensão e a pesar (btw, perdi um quilo*, o que quer dizer que desde o início da gravidez, que já conta com 27 semanas, já tenho 5kg no lombo!). Depois a má notícia: "a doutora esqueceu-se de pedir as suas análises... vai ter de esperar até que ela chegue... lá para as 10h00". Fiquei cega! É suposto eu aguentar até às 10h sem comer?!? Diz que sim... Até diz mais, diz que tenho de aguentar até ao meio dia. Respira fundo e faz nova espera no corredor. A determinada altura confesso que "descompensei" um bocadito. Só pensava na miúda e como ela devia estar a trepar paredes cheia de fome e se calhar estava a fazer-lhe mal e já não ia crescer, e já estava a ver a barriga a mirrar à frente dos meus olhos... Até que vejo a sombra da médica e digo-lhe de rajada: "Tenho de fazer o teste da glicémia e tenho muita fome!". Em menos de nada escreveu o que tinha de escrever no computador e dei uma corrida até à enfermeira. "Então agora temos de tirar o sangue". Tudo bem! Espeta, espreme, abre mão, fecha mão, espeta mais um bocado... e a dor começa a moer. Mais uma má notícia: "olhe que isto não está famoso... não consigo tirar o sangue suficiente... deve estar mesmo com fome...". Tira a agulha e sinto que tiraram um tronco de uma árvore de dentro do braço e oiço: "agora vem a parte chata, vai ter de beber esta solução e faça por não sentir o sabor porque não é lá grande coisa.". Mal meto o copo à boca e senti o sabor de qualquer coisa já não consegui parar! Soube-me pela vida! Fiquei logo com outro ânimo e outra disposição... e uma valente dor no braço! Passada uma hora nova pica no outro braço e depois de mais outra hora mais um furinho para a colecção. Quando arregaço a manga do primeiro braço tenho uma bola de ping-pong a saltar-me da droba do braço e uma dor pouco simpática! A enfermeira lá me diz que é melhor não insistir naquele e que ponha gelo quando chegar a casa. É que nem quando dou sangue fico com aquela dor... Verdade seja dita, não fosse o copo de suminho e tinha-me dado uma coisa má!

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