A minha relação amor-ódio


Cresci, no que respeita à minha formação académica, a ouvir palavras que juraria terem sido inventadas entre a sobremesa e o café de um jantar bem regado, para designar um qualquer problema inventado identificado ao fim da segunda garrafa de Casa de Santar. Verdade seja dita, amiúde esse novo dialecto, mais tarde ou mais cedo, viria a ser útil e a fazer sentido (em particular quando entendido como um tique de um certo snobismo académico, próprio de quem tem o dom de mobilizar nomes de autores mais ou menos desconhecidos, lançados estrategicamente para atestar a ignorância do interlocutor e validar ideias banais). Ainda assim, aprendia-se e aprendia-se a pensar. Agora, ao que parece, os cientistas sociais (ou das ciências moles... como diria a minha irmã, adepta das ciências duras) já não assumem a missão de apresentar dados e suas eventuais interpretações. Antes fazem preâmbulos, apresentam reflexões e levantam questões sobre... cenas. E lêem... Lêem os preâmbulos, as reflexões e as questões. Uma espécie de embalo que transporta párias como eu para o limiar (limiar... limbo... eu sei que há aqui um autor qualquer que devia citar...) da consciência!

Dá para perceber que ronquei que nem um bacorinho numa conferência (de veras interessante) a que assisti depois de almoço (já com uma bela meia dúzia de horas de oradores no bucho)?

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