Frequentemente sinto que estou numa realidade paralela, porque só numa (ir)realidade paralela a notícia que recebi na segunda por volta das sete da tarde seria possível: "O Buick não resistiu". Foi isto. A esperança saíu-me do peito num grunhido estranho e alto que calou quem estava do outro lado. Confesso que durante uns minutos fiquei sem sentir... ou sem saber o que sentir. Como se a dor que me esperava não coubesse em mim. Como se não eu não me reconhecesse sem ele. Como se fosse carga demaisada para eu resistir... e na realidade, não resisti. Morri um bocadinho. Quem me conhece sabe que o Bogas era (parte d)a minha vida. Era a minha constante boa! Tudo o resto podia desmoronar (e por uma ou outra vez desmoronou) que ele estava lá. Sempre bem disposto, sempre disposto a brincar, a fazer-me as vontades. Independentemente dos meus maus dias ou dos maus dias dos outros. Ainda não faz sentido, porra! Tive sempre a certeza que me ia ver a envelhecer e crescer, que ia ser ele o cão dos nossos filhos, para que também eles tivessem a sorte de saber como é ter o melhor companheiro do mundo. Agora vão sabê-lo por nós. Pelas memórias de acordarmos os dois a cair da cama enquanto ele se esticava despreocupado. Pelos passeios na Praia do Norte, no Parque Verde, no Pontão de Sesimbra. Vão saber que ele se deitava muito quieto sempre que um menino lhe queria sentir o pêlo de algodão. Que arrotava e dava bufas malcheirosas nas situações menos indicadas. Que foi a companhia do meu Pai nos primeiros anos de reforma e que formavam uma dupla e tanto. Que em cachorro, mas já grandinho, deu um "estalo" à minha mãe. Que se derretia quando a minha irmã chegava de viagem e que a queria só para ele, chateando-se com quem lhe roubava a atenção. Que deixava o Mix mandar. Que se pelava para se rebolar com o "Pai" no chão da sala. Que tinha medo de malas de viagem, esfregonas e tudo mais que de tão absurdo só a ele incomodava. Que encostava a cabeça no meu peito sempre que queria dizer que gostava de mim... E que acho que sentia o tanto amor que transbordava de mim para ele. Ainda não parece real! Não faz sentido e nunca vai fazer. Boguinhas-anjobom-tótó-ruim: a dona gosta muito de ti e vem já, está bem?
A todos quantos torceram por ele, obrigada!
Não tenho nada que possa dizer que te possa ajudar ou fazer sentir melhor, porque quando se perde um melhor amigo (e vivo no receio desse dia, que há-de-vir), mas também não podia ficar calada.
ResponderEliminarNão há nada mais desolador. Estou aqui de lágrimas vai-não-vai por cair dos olhos - e isso não te consola nada, eu sei. Mas pode ser que, no céu dos cães, o Bogas se sinta contente por ver que há quem, nunca o tendo conhecido, sente a sua perda.
(o vai-não-vai passou a foi-não-foi, diacho.)
Queria tanto, mas tanto, ter poder para transformar esta tua perda num sonho mau...:'(
ResponderEliminarTinita, as lágrimas ainda que me caem quando penso no Bogas.
ResponderEliminarUm beijo grande sentido.
:(
ResponderEliminaruma anónima que nunca comentou mas que às vezes passa por aqui e se ria muito com as histórias do Boguinhas. Espero que não tenha sofrido muito... Força!
Sara
Sinto tanto! Nada do que podem dizer o trará de volta mas também nunca ninguém te poderá fazer esquecer tudo o que de bom fizeram um pelo outro. Espero que tenha encontrado a minha loira burra e o meu Sansão no céu dos cãezinhos e que estejam por lá a partir a loiça toda!
ResponderEliminarQuando um amigo parte leva conosco um pedaço. De uma forma ou de outra o Bogas fazia parte da vida de todos os que gostam de ti e sei que te acompanhou em muitos momentos dificeis, mas as lembranças ficam para sempre. Beijinhos.
ResponderEliminar:(
ResponderEliminarGostei muito do que escreveste miuda. Tive ontem e hoje em permanente luta para arrancar daqui uma leitura, mas não conseguia mesmo passar da primeira linha. Pois bem, "fiz-me" homenzinho, e depois do belo cházinho, consegui ler até ao fim!
ResponderEliminarÉ claro que gastei um bocadinho de gasóleo pelo caminho, mas foi mais constante o sorriso que os pontinhos na BP...e é isso que tem de prevalecer sempre, mesmo sabendo que esta realidade possa nunca vir a ter qualquer sentido.
UPA!!! ;)
Foi um acaso que me trouxe até ao teu blog. Na altura tinha uma caozinha como o Bogas, e achei uma coincidência engraçada. E desde então que passo por aqui, e que leio as histórias que partilhas. Sei que não há nada que eu possa dizer que fará isto passar. também eu perdi a minha caozinha este Natal passado. O vazio enorme que fica é esmagador, asfixiante ... Mas temos que ter força, seguir em frente, relembrando tudo o que estes animais incríveis nos ensinaram. relembrando todos os pequenos e grandes momentos que nos proporcionaram. todo o amor incondicional. E é dar um passinho de cada vez, um minuto de cada vez.
ResponderEliminaràs vezes gosto de lêr estas palavras aqui: http://www.dogwork.com/.
Um grande abraço, de uma anónima que por aqui passa, e que agradece todas as palavras e histórias que partilhas.
R.
Cheguei e fiquei devastada. Li para baixo para saber. Todos os clichés se aplicam e nada do que eu possa dizer será original ou capaz de mitigar seja o que for.
ResponderEliminarDigo baixinho: coragem.
beijos grandes...
ResponderEliminarVine hasta aquí, esperanzada, para ver como se encontraba tu "pequeño" Bogas, no esperaba este desenlace. Me ha recordado todo lo que lloramos mi hermano y yo cuando perdimos a nuestro perrillo hace algo más de dos años, nunca pensé que me dolería tanto. Hace poco estuvimos recordándolo, con alegría y algo de tristeza también, claro. Pero forma parte de nuestra vida y estará siempre con nosotros, al igual que Bogas siempre estará contigo y los tuyos.
ResponderEliminarUn fuerte abrazo
Só visto hoje...
ResponderEliminarLamento muito!
E força...
Beijinhos
ohh... não posso dizer que sei o que sentes mas imagino que deva ser terrível. O meu gato ocupa o meu coração de tal forma que nem quero imaginar que um dia possa ficar sem ele.
ResponderEliminarCoragem.