Ontem, no meio de mais uma viagem (já não saberia dizer de onde para onde), começa a dar no rádio o "Frágil" de Jorge Palma. Todos temos aquelas músicas que nos dizem alguma coisa, que têm um significado especial... esta para mim, tem um significado literal e dúvido que haja muita gente a conseguir repetir a minha proeza. Ora lá vai mais uma historinha:
No início do meu segundo ano da faculdade, andava num ritmo meio louco, para além das aulas, tinha arranjado um fullpart-time, treinava sempre que podia e fazia o possível por não perder pitada do que se passava à minha volta. A latada já tinha começado e tinha decidido que ia ver o Jorge Palma com a mana. Depois das aulas e do trabalho, lá nos encontrámos. Provavelmente devo ter dormido pouco e comido ainda menos. Não interessa! Era o Jorge Palma! Se tivessemos sorte, não ia estar muito bêbado e ia ser como sempre, fantástico! De facto, estava a ser muito bom... até que... me comecei a sentir estranha. Como sei que tenho alguns problemas em lidar com multidões em espaços fechados, pensei que era eu a entrar em paranóia e forcei-me uma bocadinho para aguentar. Não estava a resultar! Normalmente quando aviso alguém que me estou a sentir mal, é porque estou realmente a sentir-me mal... mas invariavelmente, talvez porque aparentemente me mantenho calma, as pessoas respondem-me com um "espera só mais um bocadinho, pode ser que passe", por isso, disse à minha irmã, que sabe deste problema, que não me estava a sentir bem que precisava de apanhar ar e ainda não tinha terminado a frase, já eu ia a caminho! Nisto começa a tocar o "Frágil".
Para sair do pavilhão, tinha de chegar a um dos corredores laterais, pelo caminho, várias bancas da Superbock apareciam-me como tábuas de salvação em que me apoiava. Numa delas, dexei de ver, de ouvir e sentir... Desmaiei ainda tocava a música... Seria uma história irónica e bonita, se tivesse desmaiado de forma graciosa, como acontece nos bailados... mas não! Bati com a cara na bica das cervejas e abri o nariz! É claro que só dei por ela já no exterior, para onde tinha sido carregada, qual saco de batatas, por alguma almada caridosa angaraiada e conduzida pela minha irmã. Arzinho fresco na tromba e desperto. Confirmo os acontecimentos e levo com uma garrafa de água com açucar, pão com chouriço até voltar a ter cor nas bochechas. Pronta para outra, fui até aos bombeiros para limpar a cara, que ainda tinha marcas de sangue e saber se era preciso fazer mais alguma coisa. Para meu espanto, só tratam gente embriagada o levou a mana mais velha assumir o seu papel em toda a sua plenitude*.
Acalmados os ânimos, voltamos para a porta do pavilhão. Estava a dar a "Estrela do Mar". Essa música sim, acompanha-me para todo o lado: foi gravada no ipod, oferecido por ela numa altura muito complicada, só para me ajudar a encontrar o ânimo! Ela há significados e significados...
* tenho cá para mim, que estava com medo de devolver aos nossos mais a mercadoria avariada...
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