Desde a minha entrada na adolescência, que tenho vindo a desenvolver uma teoria, que admito resvalar para o campo da conspiração. Nos últimos dias, creio que reuni os elementos que faltavam para divulgar ao mundo a minha tese!
Se numa fase inicial da minha vida, não compreendia bem as diferenças de comportamento e de aptidão que pareciam colocar rapazes e raparigas em lados diferentes das trincheiras - sim, porque é de uma guerra que se trata - esperei que a minha formação académica superior, me elucidasse sobre estes mistérios. Compreendidos e debatidos os conceitos de género e sexo, com ajuda dos lentes mais qualificados da academia coimbrã, analisadas as práticas culturais dos Inuit, Nuer, Yanomami e dos Aborígenes Australianos, algumas perguntas continuavam a precisar de uma resposta. Depois de familiarizada com os métodos antropológicos de recolha e análise de dados, resolvi fazer uma investigação, que coexistia com o meu viver de forma paralela.
O meu objectivo, passava por perceber se as actividades tradicionalmente atribuídas aos homens resultavam de algum determinismo associado à informação genética alocada no cromossoma Y (para que se conste, é um X que perdeu uma das perninhas... é assim que uma versão defeituosa do X, mas adiante) ou se de facto, era apenas uma estratégia feminina, que passaria por alimentar o ego aos homens ao mesmo tempo que permitia limitar o multitasking às tarefas profissionais, sociais e domésticas não tendo que se preocupar com outras matérias. Identifiquei as categorias a analisar - desporto/futebol; mecânica/carros; construção/bricolage - e assumi o papel de observadora participante.
O meu objectivo, passava por perceber se as actividades tradicionalmente atribuídas aos homens resultavam de algum determinismo associado à informação genética alocada no cromossoma Y (para que se conste, é um X que perdeu uma das perninhas... é assim que uma versão defeituosa do X, mas adiante) ou se de facto, era apenas uma estratégia feminina, que passaria por alimentar o ego aos homens ao mesmo tempo que permitia limitar o multitasking às tarefas profissionais, sociais e domésticas não tendo que se preocupar com outras matérias. Identifiquei as categorias a analisar - desporto/futebol; mecânica/carros; construção/bricolage - e assumi o papel de observadora participante.
No que diz respeito ao futebol, creio que a resistência de algumas mulheres, se prende mais com o momento de alienação que proporciona e não tanto com o jogo em si. De facto, as mulheres não se envolvem em muitas actividades em que conduzam a este estado de “ausência” sem um propósito que se transforme numa mais-valia digna dessa classificação. E para quem está a pensar que as compras induzem um estado semelhante, desengane-se! O “ir às compras” é um processo bem mais complexo e calculado do pode parecer, já que passa por gerir o orçamento, as tendências, o gosto pessoal, o que já existe no armário e as ilusões (de que “ele” vai reparar, de que “ela” não vai reparar e de que de facto não vestimos o número que pensamos, e que a culpa não é da marca que anda a ajustar os modelos).
Já no campo da mecânica, confesso que os dados se apresentavam menos claros. De facto não percebia bem o interesse de andar a sujar as mãos de óleo, ou a angustia de desmontar mecanismos, com a esperança de que no final não sobrassem peças, impecavelmente limpas mas sem função (tipo os licenciados desempregados... tanto tempo, tanto esforço e agora não servem para nada!). Só se fez luz após dois episódios mais ou menos traumáticos mas ricos em aprendizagem: ficar com o motor a arder na auto-estrada e ter um furo numa terra onde não conhecia ninguém. Ora se no primeiro caso, me senti ridícula a dizer pelo telefone ao senhor do reboque que uma coisa que parecia um polvo, estava deitar muito fumo, no segundo meti mãos à obra e lá consegui mudar o pneu, sem grande esforço, devo confessar. Quando descobri que tinha queimado o motor do meu Cinquecento e que o custo da reparação, era todo o orçamento que tinha destinado para as férias de verão depois de meses a juntar, pedi ao senhor da oficina para me explicar o que tinha acontecido, e a partir desse momento passei a achar interessante conhecer e estimar os veículos em que me faço transportar. Neste ponto concluo, que algumas mulheres remetem este tipo de problemas para os homens, porque de facto é preciso investir algum tempo para dominar minimamente o assunto e é sabido que as mulheres têm muito mais que fazer e pensar.
Tudo concorria, para que pudesse concluir, que de facto esta divisão de papeis fosse uma estratégia deliberada das mulheres, que se de facto quisessem, poderiam dominar os campos tradicionalmente atribuídos aos homens, até que a terceira e última fase do desafio me fez repensar.
A bricolage. A missão era simples: fazer dois furos na parede para prender um móvel. Feito o briefing, munida dos instrumentos (qual tabuleiro cirúrgico), lá dou início ao processo: confirmadas as medidas são assinalados os dois pontos na parede; antes de começar a destruir a integridade da estrutura vertical que se apresenta à minha frente, volto a confirmar as distâncias; começo por fazer um pequenito furo com a ajuda do prego e martelo; passo para a etapa mais desafiante: usar o berbequim, item que no caso presente, se encontra processo de classificação para passar a ser considerado uma “peça arqueológica”. Escolho uma broca mais pequena e carrego no botão. Aparentemente não é difícil... até que passa a ser! Mudada a broca, sempre com o cuidado de ver se correspondia ao tamanho da bucha e depois de passar para o outro buraco, concluo que não há maneira de passar a barreira dos 2 – 3 cms de profundidade... ao mesmo tempo que o buraco de abertura vai aumentando assustadoramente (não se deve fechar os olhos com medo, quando se está a fazer um buraco na parede com um instrumento de alguma potência!)*.
Já no campo da mecânica, confesso que os dados se apresentavam menos claros. De facto não percebia bem o interesse de andar a sujar as mãos de óleo, ou a angustia de desmontar mecanismos, com a esperança de que no final não sobrassem peças, impecavelmente limpas mas sem função (tipo os licenciados desempregados... tanto tempo, tanto esforço e agora não servem para nada!). Só se fez luz após dois episódios mais ou menos traumáticos mas ricos em aprendizagem: ficar com o motor a arder na auto-estrada e ter um furo numa terra onde não conhecia ninguém. Ora se no primeiro caso, me senti ridícula a dizer pelo telefone ao senhor do reboque que uma coisa que parecia um polvo, estava deitar muito fumo, no segundo meti mãos à obra e lá consegui mudar o pneu, sem grande esforço, devo confessar. Quando descobri que tinha queimado o motor do meu Cinquecento e que o custo da reparação, era todo o orçamento que tinha destinado para as férias de verão depois de meses a juntar, pedi ao senhor da oficina para me explicar o que tinha acontecido, e a partir desse momento passei a achar interessante conhecer e estimar os veículos em que me faço transportar. Neste ponto concluo, que algumas mulheres remetem este tipo de problemas para os homens, porque de facto é preciso investir algum tempo para dominar minimamente o assunto e é sabido que as mulheres têm muito mais que fazer e pensar.
Tudo concorria, para que pudesse concluir, que de facto esta divisão de papeis fosse uma estratégia deliberada das mulheres, que se de facto quisessem, poderiam dominar os campos tradicionalmente atribuídos aos homens, até que a terceira e última fase do desafio me fez repensar.
A bricolage. A missão era simples: fazer dois furos na parede para prender um móvel. Feito o briefing, munida dos instrumentos (qual tabuleiro cirúrgico), lá dou início ao processo: confirmadas as medidas são assinalados os dois pontos na parede; antes de começar a destruir a integridade da estrutura vertical que se apresenta à minha frente, volto a confirmar as distâncias; começo por fazer um pequenito furo com a ajuda do prego e martelo; passo para a etapa mais desafiante: usar o berbequim, item que no caso presente, se encontra processo de classificação para passar a ser considerado uma “peça arqueológica”. Escolho uma broca mais pequena e carrego no botão. Aparentemente não é difícil... até que passa a ser! Mudada a broca, sempre com o cuidado de ver se correspondia ao tamanho da bucha e depois de passar para o outro buraco, concluo que não há maneira de passar a barreira dos 2 – 3 cms de profundidade... ao mesmo tempo que o buraco de abertura vai aumentando assustadoramente (não se deve fechar os olhos com medo, quando se está a fazer um buraco na parede com um instrumento de alguma potência!)*.
Foi neste ponto que percebi que tinha que rever a minha tese... A informação genética do Y não não está na origem da inaptidão das mulheres e nem tudo pode ser interpretado com uma estratégia feminina e manipular os homens em seu benefício! O que de facto acontece, é que em determinada altura das suas vidas, todos os rapazes são enviados para uma dimensão alternativa no tempo e no espaço, onde são ensinados alguns ofícios que de outra forma implicariam anos de aprendizagem e dedicação, que são incompatíveis com o a sua natural tendência para a procrastinação. Portanto é isso! Eles são abduzidos e de alguma forma é-lhes gravada este tipo de informação e recursos!
E agora o mundo pode continuar a girar porque foi desfeito o mistério que mais atormenta a humanidade**.
* desde já agradeço a todos os meninos, que via tweeter me iam dando dicas e apoio moral! e não me levem a mal algum conteúdo menos abonatório para os homens... a minha visão é isenta e científica!
** e eu vou ter que chamar um senhor para ir lá a casa minimizar os estragos e ver se prende o raio do móvel à parede... e para o caso de não haver remédio para contornar os estragos feitos, pensar num decoração feita à base de buracos!
* desde já agradeço a todos os meninos, que via tweeter me iam dando dicas e apoio moral! e não me levem a mal algum conteúdo menos abonatório para os homens... a minha visão é isenta e científica!
** e eu vou ter que chamar um senhor para ir lá a casa minimizar os estragos e ver se prende o raio do móvel à parede... e para o caso de não haver remédio para contornar os estragos feitos, pensar num decoração feita à base de buracos!
Excelente! :)
ResponderEliminarObrigada!!!
ResponderEliminarahahhahahahahha......o máximo...devias conhecer o meu irmão...é uma excepção à teoria! Como em tudo! ;) Beijinhos
ResponderEliminarO que raio andaste a fazer?? Foi a sapateira?
ResponderEliminarAndei a fazer furos na parede... para tentar prender a malfadada da sapateira, que a bem da verdade não tem culpa nenhuma e que já está prontinha para entrar em acção, assim tenha os desgraçados dos parafusos para a prender à parede!!!
ResponderEliminarQuando quiseres montar a tua eu ajudo! Mas para prender é melhor teres o teu homem por perto!!... Afinal até fazem falta... de vez em quando!