Como a vida aqui pela Praia se tem feito sem TV (ainda não há serviço instalado) os tempos mortos têm sido ocupados a ouvir a rádio Nazaré (100.6) porque não se apanha outra, a ler (vim com uma mala cheia de livros e trabalho) e a ver um ou outro filme no computador. Ontem dei um salto à (nova) biblioteca e vi lá um DVD sobre o qual já tinha lido um post no lendas e legendas (pela minha mana do coração) e face ao tempo que tinha que matar, não hesitei e trouxe-o!
Confesso que a história não me entusiasmou, mas o "cenário" escolhido - um jogo de pólo aquático - cativou-me no mesmo instante!
O Pólo aquático apareceu na minha vida devia ter eu uns 15 anos e o sonho de ser nadadora... depois de um reality check o meu treinador disse-me que era velha demais para começar a competir, mas que estava nesse ano a formar-se a primeira equipa de Pólo aquático feminino na AAC. Disse que sim, porque não tenho feitio para dizer que não às novidades! Para se ter uma ideia do gabarito da equipa, fomos para o nosso primeiro jogo contra os Belenenses a ler as regras pelo caminho, porque tínhamos feito a pré-época - como é normal, a "seco" - mas água nem vê-la! Escusado será dizer que perdemos por 37-1*.
Tal como no filme de Nanni Moretti, também a nossa equipa era constituída por todos os tipos de jogadoras: novas (eu -#11 - e a #6 éramos as mais novas logo seguidas da #7), velhas, gordas, magras e havia uma ou outra que para além de não saber nadar até tinha medo da água!
Nos primeiros anos, os treinadores eram alguns dos mais pacientes jogadores da equipa de seniores masculina que ao fim de 5 minutos de tanta galinhagem, tinham um esgotamento nervoso que os levava a um estado catatónico irreversível**. Chegámos a ter um treinador Russo (que apesar de ter treinado a equipa principal de S. Petersburgo, trabalhava numa fábrica de cerâmicas) que depois de uma época connosco se dedicou à vodka! Mas o que durou mais tempo, era tal e qual o do filme: falava, falava, falava... mas para o boneco, nenhuma tinha paciência e interesse no que ele poderia estar a dizer! Ainda se falasse nos últimos modelos de fatos de banho...
Falando de fatos de banho! Também no filme aparece o ritual de mostrar que temos 2 e que as unhas estão cortadas! É que este desporto não era para "meninas" mas sim para mulheres: arranhadelas eram mais que muitas, fatos de banho rasgados era todos os jogos já para não falar do que se passava dentro de água que não era bonito!
Depois as estratégias e as tácticas, seriam eficazes se todas percebêssemos o mesmo! A questão é que o que uma percebia não era necessariamente o que tinha sido dito e havia outras que nem sequer ouviam... era comum haver uma de nós que apenas se dedicava a cansar as adversárias estando a marimbar-se para o jogo! O engraçado é que às vezes estas estratégias até funcionavam porque conseguíamos não obdecer a um único modelo de jogo e assim confundíamos as adversárias!
Podia ainda falar das intermináveis sessões de "pernas de pólo" que tão bem faziam pelo nosso rabo, ou de como os gorros (aqueles que tinham, tal como no filme, a protecção na testa) nos ficavam tão mal e como as amizades desse tempo cresceram até aos dias de hoje!
Foram sem dúvida os melhores momentos da minha vida! Mesmo quando - tal como o Michel ***- todo o resto não fazia sentido!
ah... e faltou dizer que poderíamos não ser as mais talentosas jogadoras do campeonato, mas eramos de longe as mais giras!
* os jogos nessa altura eram compostos por 4 períodos de 7 minutos... e no nosso terceiro jogo perdemos por 47-0... parece impossível mas não é!
** para desenganar aqueles que pensam que pode ser maravilhoso ter 15 mulheres em fato de banho 3 vezes por semana à sua disposição
*** personagem do filme
Confesso que a história não me entusiasmou, mas o "cenário" escolhido - um jogo de pólo aquático - cativou-me no mesmo instante!
O Pólo aquático apareceu na minha vida devia ter eu uns 15 anos e o sonho de ser nadadora... depois de um reality check o meu treinador disse-me que era velha demais para começar a competir, mas que estava nesse ano a formar-se a primeira equipa de Pólo aquático feminino na AAC. Disse que sim, porque não tenho feitio para dizer que não às novidades! Para se ter uma ideia do gabarito da equipa, fomos para o nosso primeiro jogo contra os Belenenses a ler as regras pelo caminho, porque tínhamos feito a pré-época - como é normal, a "seco" - mas água nem vê-la! Escusado será dizer que perdemos por 37-1*.
Tal como no filme de Nanni Moretti, também a nossa equipa era constituída por todos os tipos de jogadoras: novas (eu -#11 - e a #6 éramos as mais novas logo seguidas da #7), velhas, gordas, magras e havia uma ou outra que para além de não saber nadar até tinha medo da água!
Nos primeiros anos, os treinadores eram alguns dos mais pacientes jogadores da equipa de seniores masculina que ao fim de 5 minutos de tanta galinhagem, tinham um esgotamento nervoso que os levava a um estado catatónico irreversível**. Chegámos a ter um treinador Russo (que apesar de ter treinado a equipa principal de S. Petersburgo, trabalhava numa fábrica de cerâmicas) que depois de uma época connosco se dedicou à vodka! Mas o que durou mais tempo, era tal e qual o do filme: falava, falava, falava... mas para o boneco, nenhuma tinha paciência e interesse no que ele poderia estar a dizer! Ainda se falasse nos últimos modelos de fatos de banho...
Falando de fatos de banho! Também no filme aparece o ritual de mostrar que temos 2 e que as unhas estão cortadas! É que este desporto não era para "meninas" mas sim para mulheres: arranhadelas eram mais que muitas, fatos de banho rasgados era todos os jogos já para não falar do que se passava dentro de água que não era bonito!
Depois as estratégias e as tácticas, seriam eficazes se todas percebêssemos o mesmo! A questão é que o que uma percebia não era necessariamente o que tinha sido dito e havia outras que nem sequer ouviam... era comum haver uma de nós que apenas se dedicava a cansar as adversárias estando a marimbar-se para o jogo! O engraçado é que às vezes estas estratégias até funcionavam porque conseguíamos não obdecer a um único modelo de jogo e assim confundíamos as adversárias!
Podia ainda falar das intermináveis sessões de "pernas de pólo" que tão bem faziam pelo nosso rabo, ou de como os gorros (aqueles que tinham, tal como no filme, a protecção na testa) nos ficavam tão mal e como as amizades desse tempo cresceram até aos dias de hoje!
Foram sem dúvida os melhores momentos da minha vida! Mesmo quando - tal como o Michel ***- todo o resto não fazia sentido!
ah... e faltou dizer que poderíamos não ser as mais talentosas jogadoras do campeonato, mas eramos de longe as mais giras!
* os jogos nessa altura eram compostos por 4 períodos de 7 minutos... e no nosso terceiro jogo perdemos por 47-0... parece impossível mas não é!
** para desenganar aqueles que pensam que pode ser maravilhoso ter 15 mulheres em fato de banho 3 vezes por semana à sua disposição
*** personagem do filme
ahahahaha fantástico!!
ResponderEliminartu escreves muito bem, miúda :)
e, pelas poucas fotos que apresentas, nunca te imaginaria a fazer pólo aquático! mergulho já sei que fazes, ballet era uma possibilidade lol agora pólo... imagino sempre umas matulonas agressivas e implacáveis!
beijinhos!
Anónimo (isto já não basta os nomes não terem caras, agora nem os nomes têm nomes!),
ResponderEliminarquem te disse a ti que não me sei tornar numa matulona agressiva?!?!... seja quem for que te disse... acertou! tinha outras estratégias!
Melhor que lido, só mesmo visto, mas agora só na RTP memória!
Vai passando e escolhe um nome... assim como assim ficamos todos na mesma!
"quem te disse a ti que não me sei tornar numa matulona agressiva?!?!..."
ResponderEliminarLindo Amiga!!!! Tou-te a imaginar MATULONA e AGRESSIVA!!!! (podes imaginar-me a rebolar com um dos meus ataques de riso!!!!)
LIINNNDOOOOO!
Bjs Gds
Tininha, é espectacular como consegues num post retratar os maravilhosos 8 anos das nossas vidas...Lindo, lindo... Quase de lagriminha no olho q eu li isto...;)))
ResponderEliminarBelos tempos: C. Antónia, S. Margarida e Pata Maria!lol
Irmandade aquática 4ever
Bjocas aquáticas
#6
@buddy da onça: não posso acreditar que tu não aches que eu me posso tornar numa matulona agressiva... (beijo grande minha linda!)
ResponderEliminar@#6: mana pata!!! aninhos do caraças!! e é giro ver que nessas alturas passámos por momentos complicados na nossa vida pessoal (cada uma para seu lado) que só não foram piores porque estavamos lá umas para as outras! (saudades)
Mas esta procissão já vai no adro e ninguém me disse nada? Fotos a preto e branco e aquilo parece que foi no século passado!
ResponderEliminarTa... lamento informar... mas foi no século passado...
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